Com mais de 10 mil
novos casos diagnosticados por ano no Brasil, linfomas ainda são desconhecidos
pela população, alerta o diretor da ABHH, o hematologista Carlos Chiattone
Neste
sábado, dia 15 de setembro, será celebrado o Dia Internacional de
conscientização sobre Linfomas no Brasil e em mais 25 países. Apesar de a
doença ter se mantido em evidência na mídia nestes últimos anos por atingir
famosos como o ator Reinaldo Gianecchini, a novelista Glória Perez e a
presidente da República, Dilma Rousseff, há ainda muitas dúvidas e
desconhecimento da população quanto à doença. A análise é feita pelo diretor da
Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), o
hematologista Carlos Chiattone.
De
acordo com Chiattone, 70% da população ainda desconhece o termo “linfoma”. Os
linfomas, em linhas gerais, são cânceres das células do sistema imunológico. E,
estas células estão espalhadas em todo o organismo, podendo assim se manifestar
em qualquer lugar do corpo. “Diferente de outros tipos de cânceres, como o de
mama ou de próstata, que tem o local definido”, explica.
Há
dois grandes grupos de linfomas, o de Hodgkin, primeiro a ser descoberto na
história da medicina em se tratando deste câncer, que tem índice de cura em
torno de 90% e, o não-Hodgkin. Este último, segundo Chiattone, é o mais
complexo, pois apresenta mais de 50 tipos diferentes, sendo cada um deles com
manifestações clínicas e prognósticos distintos.
O
hematologista explica ainda que os linfomas do tipo não-Hodgkin são divididos
em dois grupos, um com comportamento agressivo, com índice de cura em torno de
70% e outro denominado indolente. “Os linfomas do tipo indolentes, não são
curáveis, mas com os tratamentos atuais, é possível promover sobrevida a este
paciente, e com qualidade, de maneira a mantê-la crônica, como é a Aids hoje”,
reforça o especialista, que também é professor de hematologia da Faculdade de
Medicina da Santa Casa de São Paulo.
O
índice de incidência da doença dobrou nos últimos anos. A cada ano são
diagnosticados 10 mil casos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca). Entretanto, é difícil identificar a causa deste aumento, mas uma
das possibilidades reconhecidas pelos especialistas é o envelhecimento da
população. “Os linfomas independem de sexo e idade, embora acometam, sobretudo,
a faixa acima dos 60 anos”, revela o hematologista.
Outro fator apontado é o uso de medicações imunossupressoras, utilizadas no reumatismo, por exemplo, que rebaixam a imunidade da pessoa. “Embora tenhamos algumas possíveis explicações, mesmo somando todas elas, ainda não se pode indicar as causas.”
Outro fator apontado é o uso de medicações imunossupressoras, utilizadas no reumatismo, por exemplo, que rebaixam a imunidade da pessoa. “Embora tenhamos algumas possíveis explicações, mesmo somando todas elas, ainda não se pode indicar as causas.”
Sintomas,
Diagnóstico e Tratamento
O
linfoma pode começar em qualquer local em que existam as células linfáticas,
preferencialmente nos gânglios linfáticos, em nódulos no pescoço, axilas e
região da virilha. Vale ressaltar que na maioria das vezes, os nódulos são
ocasionados por infecções, nem sempre sendo linfoma.
Como
diferença básica, Chiattone aponta o fato de o gânglio da infecção, via de
regra, doer, enquanto no caso do linfoma, não haver qualquer sensação de dor.
Outros fatores indicativos de linfomas são o aparecimento de nódulos com
crescimento progressivo, de consistência elástica (fibroelástica), amolecida,
como de borracha.
Além
disso, em torno de 30% dos pacientes com quadro de linfomas apresentam esses
sintomas acompanhados de febre, perda de peso sem motivo aparente, suor noturno
intenso e coceira persistente, sem indício de quadro alérgico. “O que é
intrigante nos linfomas, é que as manifestações se assemelham a outras doenças
comuns”, relata Chiattone. “O fato é que estes sintomas levam a pessoa a buscar
atendimento em médicos de outras áreas, que não especialistas no linfoma e
isso, muitas vezes, retarda o diagnóstico. Por isso é importante todos os
médicos estarem bem informados sobre o linfoma”, complementa o
hematologista.
Quando
detectado em estágio precoce, o linfoma pode ser erradicado com tratamento
adequado. Atualmente, a terapia que mais aumenta a chance de cura e qualidade
na sobrevida é a quimioterapia associada ao uso de anticorpos monoclonais, este
último ainda não disponível da rede SUS para todos os tipos existentes de
linfoma.
Para
Chiattone, não há na oncologia uma área tão avançada em termos de tratamento
como a dos linfomas. O médico relata que na maioria das vezes, é aplicada a
quimioterapia, imunoterapia e, em alguns casos, radioterapia. “Quando a doença
é mais grave ou a pessoa teve recaída, daí entramos com o transplante de medula
óssea, como terapia de salvamento.”
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